Saturday, October 11, 2014

Para os momentos da mais profunda solidão...

A solidão

Estou no meu melancólico quarto e observo o escuro.
Tento achar motivo que complete alma tão vazia,
Mas quanto mais o persigo, quanto mais o procuro
Mais meu peito se afunda em angústia e mais se silencia.

Transformava-me num vil rabisco, e ele preenchia
Todos meus sentimentos de concreto muito duro.
E, assim, mais me atormentava e mais triste eu me sentia,
Mais meu tórax se tornava silêncio muito puro!

Ah! Este meu desespero transcendente e sagrado,
Me enche de alegria, e me faz seco e amargurado.
Faz-me levantar mundos sem força e aguentar distâncias,

Oferece-me do saber o âmago profundo,
Mas também me traz o sentimento nojento e imundo
De conhecer minha mais torpe e cruel substância!

Monday, October 6, 2014

Em vista do lindo luar de hoje, publico este poema.

À que me encanta pela simples essência

Tua indiferença me faz sentir tão bem!
Com um tom de horrível e um outro de sublime,
A tua indiferença o meu amor exprime!
E o peito que arde – e este meu coração também! –

Se desfaz na distância entre o Mal e o Bem!
Teu torpor: minha felicidade, e o teu crime!

E quanto a ti, quando na treva, à noite, vi-me
Preso nas sombras do desejo e do desdém,

Torço que me desprezes, e tua frieza
Me console ao olhar foto tão pequenina...
Que portanto vire este sonho purpurina!

Que teu encanto e tua inegável beleza
Mudem um Mundo tão triste – ao menos o meu! – :
Ideal de luar, do luar que hoje é teu!



Guilherme Ottoni, 03-X-2014